Dando seguimento à nossa série do Mês do Orgulho LGBTQIAPN+, o About Amazon conversou desta vez com Luis Felipe Torquato, Rachel Albuquerque e Vitória Teles!

Vocês podem dividir conosco como foi jornada de autodescoberta e aceitação enquanto pessoa LGBTQIAPN+?
Vitória: Minha jornada de autodescoberta começou quando eu tinha apenas 11 anos. No início, foi um verdadeiro turbilhão de emoções. Crescer numa família evangélica, onde tudo isso era considerado errado, não foi nada fácil. Assim que entendi que o que eu sentia não era errado, foi como se um peso enorme saísse dos meus ombros. Me senti livre, segura do que eu era e do que eu queria. O desafio maior veio quando decidi me assumir para minha família. Minha mãe, ela só veio me aceitar quando eu já tinha 15 anos. Foi um período bem difícil, cheio de lágrimas e confrontos. Mas aos poucos, fomos superando. Hoje, vejo orgulhosa como ela se transformou numa verdadeira aliada, levantando a bandeira junto comigo.

Luis: Tenho também esse caminho com a religião. Eu vim de uma escola católica e de uma família muito conservadora dos dois lados, então demorei muito tempo para me entender como uma pessoa LGBTQIAPN+, principalmente considerando os meios e ambientes que frequentava. E por incrível que pareça, a saída do armário foi mais tranquila do que eu esperava, pois a minha família também já tinha entendido muito antes de mim e sempre respeitou o meu espaço. Acho que meu maior desafio não foi dentro de casa, mas sim interno, de entender quem eu era, o que eu efetivamente gostava, e que não tinha problema não ser socialmente aceito pelas minhas escolhas, e que não tinha nada de errado com os meus gostos. Hoje, quase 10 anos depois que me entendi como uma pessoa LGBTQIAPN+, entendo a importância da representatividade e de ter ambientes acolhedores para facilitar esse mesmo processo de outras pessoas.

Rachel: A autodescoberta e a própria aceitação aconteceram de forma natural no final da adolescência e começo de vida adulta. Percebi que eu não conseguia efetivamente ter laços afetivos com meninos. Não me apaixonava, não tinha efetivamente vontade de ficar perto e não achava nada demais nas interações físicas. Pensava algo como “ah é isso ficar com alguém? Que coisa chata”. Fui notando que sempre tinha muitas emoções nas amizades com as meninas. Na verdade, olhando para trás vejo que eu me apaixonava pelas minhas amigas. Assim como Vitória, enfrentei algumas questões em casa. Minha mãe em especial, levou anos até entender e aceitar. Ela tinha uma ideia muito marginalizada do que era ser LGBT+ e tinha medo que eu não progredisse na vida sendo mulher lésbica. Isso obviamente teve um grande impacto na minha vida emocional, pois todo mundo quer se sentir acolhido. Acredito que o processo de saída do armário dela - a família também precisa sair do armário - foi acontecendo a medida que ela me viu sendo simplesmente uma pessoa que seguiu estudando, fez faculdade, trabalhou, viajou, construiu uma carreira, fez grandes laços de amizade, casou, teve filha e seguiu a vida.

Agora, falando sobre o mercado de trabalho e o ambiente empresarial, quais fatores contribuem para que você sinta acolhimento no ambiente de trabalho?
Rachel: Poder simplesmente ser igual a todo mundo. Existe uma grande diferença no trabalho de hoje, comparado com 25 anos atras quando comecei minha carreira. Não é que eu precisasse esconder minha sexualidade, nunca o fiz, mas eu me sentia na obrigação de ser discreta. A vida de forma geral se separava muito mais em pessoal x profissional. O escritório era um lugar onde eu só falava das coisas que aconteciam da porta pra fora, com os colegas mais chegados. Hoje em dia é tudo mais natural. As lideranças me perguntam como estão as coisas em casa, como esta minha esposa, minha filha. Isso é natural e deveria ser o natural em todos os lugares. Isso me faz sentir acolhida.

Luis: Essa representatividade! Ver pessoas da comunidade alcançando lugares de liderança e visibilidade. Sem precisar esconder quem elas efetivamente são.

Vitoria: É uma mistura de coisas que, juntas, criam um ambiente onde posso ser quem eu sou. É a naturalidade com que tudo isso é tratado aqui na Amazon. Eu nunca imaginei que um dia poderia falar tão abertamente sobre ser casada com uma mulher no trabalho. Em outras empresas, sempre havia aquele receio, aquela hesitação. Aqui, é diferente. Posso ser eu mesma, completamente, sem medo. Sim, ainda temos um longo caminho pela frente, tanto nas questões LGBTQIAP+ quanto nas raciais, mas é reconfortante ver que estamos caminhando na direção certa.

E vocês sentem que podem ser vocês mesmos, de forma autêntica, aqui na Amazon? Quais atitudes contribuem para isso?
Vitoria: Sim, me sinto confortável para ser quem eu sou na Amazon. Como eu disse, aqui posso falar com naturalidade sobre ser casada com uma mulher, algo que nunca experimentei em outras empresas. As políticas de inclusão, as ações voltadas para a comunidade LGBTQIAP+ e racial, e o apoio visível de líderes e aliados contribuem para criar um ambiente onde posso ser autêntica sem receio.

Rachel: Eu também! Sinto que posso ser eu mesma e de alguma forma, no decorrer da minha vida eu não me permiti mais estar em lugares onde não posso ser eu mesma. Inclusive ser eu mesma em outras perspectivas como meu estilo de vestir, poder ser mais low profile, pois diversidade inclui várias perspectivas e não só a sexualidade.

Luis: E acredito também que os grupos liderados por funcionários e as conversas abertas com os aliados sobre o tópico ajudam a transformar o ambiente em um espaço seguro.

Qual foi o momento mais marcante que você viveu aqui enquanto pessoa LGBTQIAP+?
Rachel: Eu fui contratada falando em todo o processo seletivo que eu era uma mulher lésbica, casada e que estava em processo de FIV (Fertilização in Vitro), prestes a engravidar. Quando recebi a oferta, eu já estava grávida. É importante dividir isso e, por mais que a gente saiba que estar grávida não é um impeditivo para a contração na Amazon.

Vitoria: O meu momento foi durante o evento Amazon Carreira LGBTQIAP+ em 2024, que participei antes mesmo de entrar na empresa! Foi uma experiência transformadora que me impactou profundamente, já que vi a Ver a Amazon abrir suas portas para o público e compartilhar histórias inspiradoras de funcionários LGBTQIAP+. Mas o que realmente me tocou foi um detalhe que muitos poderiam ter passado despercebido: a escolha do catering: escolheram uma empresa gerida por pessoas trans. Esse gesto aparentemente simples demonstrou um nível de comprometimento com a inclusão que eu nunca tinha visto antes. Aqui a gente não apenas fala sobre diversidade, mas a pratica em todos os níveis, até mesmo nas pequenas decisões. Aquele momento abriu meus olhos para possibilidades que eu ainda não tinha considerado. Me fez perceber que uma empresa pode ir além das políticas básicas de inclusão e realmente fazer a diferença na vida das pessoas LGBTQIAP+, não apenas internamente, mas também na comunidade em geral.

Luis: O processo de entendimento pessoal como pessoa LGBTQIAPN+, e principalmente, a realização de que não existe nada de errado em ser quem somos.

O que representa, para você, o orgulho LGBTQIAP+ dentro e fora do ambiente de trabalho?
Vitória: Sempre que vivemos nossa verdade abertamente nós inspiramos outros a fazerem o mesmo. Assim, contribuímos para um ciclo positivo de autoaceitação e representatividade que transcende todos os aspectos de nossas vidas.

Luis: Exato! É poder falar abertamente da minha orientação sexual, sem precisar ter medo de retaliação.

Vitória: É um poderoso símbolo de resistência, força e superação. É honrar a luta de todas as pessoas que vieram antes de nós, que abriram caminhos e enfrentaram preconceitos para que hoje pudéssemos ter mais direitos e visibilidade. Uma comunidade que transformou dor em arte, medo em coragem, e silêncio em gritos de liberdade.

Rachel: Representa afirmar que nós existimos! Uma vez estava conversando com um colega que me questionou a necessidade de usar linguagem inclusiva. Me falou que achava que aquilo estragava a língua portuguesa, a gramática e tudo o mais. Eu disse para ele, respeitosamente, que ele tinha o direito de pensar aquilo, mas que opinião dele não mudaria o fato de que as pessoas não-binarias existem, de que a diversidade existe. As pessoas existem, elas estão aqui e negar sua existência é negar a existência do ser humano.

Para finalizarmos, qual mensagem vocês deixariam para outras pessoas LGBTQIAPN+ que estão começando suas carreiras agora?
Rachel: Todo mundo sabe o que é uma roda gigante e nossa vida gira como uma. Em alguns momentos vamos estar no topo, em outros não. Isso vale para todos os momentos da vida. Entenda que você vai passar por momentos difíceis, mas você não vai ficar parado lá para sempre. Uma hora a roda gira.

Luis: Seu processo de autodescoberta e aceitação é único e válido. Assim como muitos de nós, você pode vir de ambientes conservadores ou ter enfrentado desafios internos para se entender e se aceitar. Saiba que não há prazo para esse processo e que você não está sozinho. O mais importante é entender que não há nada de errado com você. Seus gostos, sua identidade e suas escolhas são parte de quem você é. Hoje, mais do que nunca, existem espaços acolhedores e pessoas dispostas a apoiar sua jornada profissional sendo exatamente quem você é.

Vitória: Exato, você não está sozinho e nunca deixe que alguém diga que você não pode chegar lá. Nossos sonhos não têm limites, e nossa identidade não é uma barreira, é nossa força! Lembre-se: cada pessoa LGBTQIAP+ que hoje ocupa cargos de liderança, que revoluciona mercados, que inspira mudanças, já esteve exatamente onde você está. Eles persistiram, e você também pode. Procure mentores, construa redes de apoio, e nunca, jamais se desculpe por ser autêntico. Sua perspectiva única é valiosa, suas experiências são importantes, e sua presença faz diferença.

Luis: sua autenticidade é sua força. Cada pessoa LGBTQIAPN+ que ocupa seu espaço com orgulho ajuda a abrir caminhos e criar ambientes mais inclusivos para as próximas gerações. Você não precisa carregar essa bandeira sozinho, mas saiba que apenas por ser quem você é, já está fazendo a diferença. Seu valor profissional não está ligado à sua orientação sexual ou identidade de gênero - está em suas habilidades, sua dedicação e seu potencial. Acredite em si mesmo, e busque ambientes que celebrem sua totalidade.

Vitória: Acredite no seu potencial. Cultive seus talentos. Celebre suas vitórias. E nunca, nunca desista de seus sonhos. O mercado de trabalho precisa da sua voz, da sua coragem e da sua autenticidade.
Eu mesma nunca imaginei que conseguiria entrar em uma multinacional do tamanho da Amazon, mas não desisti, e hoje agradeço ao meu eu do passado por ter persistido. Seu lugar é onde você quiser estar. E nós estaremos aqui, torcendo por você, apoiando você, celebrando cada passo seu nessa jornada incrível que está apenas começando.
O futuro é diverso, é colorido, e tem o seu nome nele. Vá em frente e brilhe!